No dia 01 de Novembro aconteceu no Campus Universitário do
Tocantins/Cametá a 1º sessão de estudo e discussão do Projeto de Pesquisa:
Formação, Trabalho e Universidade o qual teve início às 13:30hs e como
palestrante o Profº. Dr. João Batista, na ocasião esteve presente também o professor
Dr. Edir Augusto Dias Pereira, Profº. Msc. Adenil Alves Rodrigues, Profº.
Carlos Amorim e a Profª. Msc. Benilda Miranda V. Silva, e também os bolsista:
Reliane W. de Souza, Gilvandro F. de Medeiros, Tássio Willian Tavares, Adelmo
V. Wanzeler, Alessandro de Sá Guedes que
agregam a equipe de formação do projeto.
O professor João Batista, coordenador do projeto, deu início, agradecendo
a equipe do movimento de ocupação do campus/Cametá, pela disposição em ceder o
espaço e abertura aos participantes da ocupação no debate.
A temática em questão foi o texto do Dermeval Saviani (2007) - Trabalho
e Educação: fundamentos ontológicos e históricos. De inicio lemos um poema
de Mauro Iasi – Quando os homens
perderem a paciência. E a apresentação da temática discorre da seguinte
maneira:
1º- Relação Trabalho x Educação, recorte sobre “ontológico” e
“histórico” ou “ontológico-histórico” como termos inter-relacionados. Ou
seja,
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS - porque referidos a um processo produzido e desenvolvido
ao longo do tempo pela ação dos próprios homens;
FUNDAMENTOS ONTOLÓGICOS - porque o produto dessa ação, o resultado desse
processo, é o próprio ser dos homens;
2º- Apresenta a estrutura do texto e
algumas questões relevantes:
·
Quais os fundamentos histórico-ontológicos
da relação trabalho-educação?
·
Como, não obstante a indissolubilidade da
referida relação, se manifestou na história o fenômeno da separação entre
trabalho e educação?
·
Como se dá o tortuoso e difícil processo
de questionamento da separação e restabelecimento dos vínculos entre trabalho e
educação?
·
Como podemos esboçar a conformação do sistema
de ensino sob a égide do trabalho como princípio educativo?
·
Como analisar a discussão do controvertido
tema da educação politécnica x educação tecnológica?
3º- Fundamentos
Históricos-Ontológicos da relação Trabalho-Educação.
Saviani assegura que trabalho
e educação são atividades especificamente humanas. Assim, a pergunta sobre os
fundamentos ontológicos
da relação trabalho-educação traz imediatamente à mente as
questões: Quais são as características do ser humano que lhe permitem realizar
as ações de trabalhar e de educar? Ou: o que é que está inscrito no ser do
homem que lhe possibilita trabalhar e educar? Questões essas que precisam ser refletidas.
4º- Definição de homem
Definição clássica: ANIMAL RACIONAL (Aristóteles)
“considerando como próprio do homem o pensar, o contemplar, reputa o ato
produtivo, o trabalho, como uma atividade não digna de homens livres”.
Definição de BERGSON (1979), não sugere “Homo
sapiens, mas Homo faber”, pela “faculdade de fabricar objetos artificiais”.
Expressa a racionalidade, mas é movido pela intuição.
Definição Marxista: Podemos distinguir o homem dos
animais pela consciência, pela religião ou por qualquer coisa que se queira.
Porém, o homem se diferencia propriamente dos animais a partir do momento em
que começa a produzir seus meios de vida, passo este que se encontra
condicionado por sua organização corporal. Ao produzir seus meios de vida, o
homem produz indiretamente sua própria vida material (MARX & ENGELS, 1974, p.19,
grifos do original).
•A ESSÊNCIA DO HOMEM É UM FEITO HUMANO;
•“O SER DO HOMEM E, PORTANTO, O SER DO TRABALHO, É HISTÓRICO”.
5º- Definindo conceito trabalho-educação
TRABALHO: O ato de agir sobre a natureza transformando-a em função das necessidades
humanas.
EDUCAÇÃO: O homem não nasce sabendo produzir-se como homem. Ele necessita
aprender a ser homem, precisa aprender a produzir sua própria existência. Portanto,
a produção do homem é, ao mesmo tempo, a formação do homem, isto é, um processo
educativo. A origem da educação coincide, então, com a origem do homem mesmo.
6º- A emergência histórica da
separação entre trabalho e educação
O desenvolvimento da produção conduziu à divisão do trabalho e, daí, à
apropriação privada da terra, provocando a ruptura da unidade vigente nas
comunidades primitivas. A apropriação privada da terra, então o principal meio
de produção, gerou a divisão dos homens em classes. Configuram-se, em
consequência, duas classes sociais fundamentais: a classe dos proprietários e a dos não proprietários.
7º- Modo de produção escravista
(separação entre trabalho e educação).
·
Estrutura social – Aristocracia x
escravos;
·
Educação – duas modalidades distintas
e separadas: Uma destinada a classe proprietária (homens livres) e a outra
destinada a classe não proprietária (escravos e serviçais);
·
Escola – lugar do ócio, tempo livre;
·
Modo de produção feudal – as marcas
da igreja católica;
·
Modo de produção capitalista –
Colocará em posição central o protagonismo do Estado, forjando a ideia da
escola pública, universal, gratuita, leiga e obrigatória, cujas tentativas de
realização passarão pelas mais diversas vicissitudes.
8º- Concluindo: a controvérsia
relativa à politecnia.
Saviani aborda mais extensamente a questão da educação politécnica no livro
Sobre a concepção de politecnia (Saviani,1989), que resultou do Seminário “Choque
Teórico” organizado pelo Politécnico da Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo
Cruz. Nesse momento considerei que na abordagem marxista o conceito de politecnia
implica a união entre escola e trabalho ou, mais especificamente, entre instrução
intelectual e trabalho produtivo.
Após minuciosos estudos filológicos da obra de
Marx, Manacorda concluiu que a expressão “educação tecnológica” traduziria com
mais precisão a concepção marxiana do que o termo “politecnia” ou “educação
politécnica”.
Assim, não será o uso ou não de determinado termo
que as colocará em confronto. Se assim for, posso proclamar sem hesitação:
abrirei mão do termo politecnia, sem prejuízo algum para a concepção pedagógica
que venho procurando elaborar.
Logo após essas explanações, o professor João Batista apresentou o livro
do José Saramago (2013) – Democracia e Universidade, para a próxima sessão de
estudo (sendo o segundo encontro), marcada para o dia 16/01/2017.
E assim, encerrou-se o encontro, o qual contou também com a presença de
outras pessoas que se fizeram presente.
Referência
SAVIANI, Dermeval.
Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v.12, n.34, p. 152165, abr. 2007.
Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf>. Acesso em 01 nov. 2016.
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