No dia 08 de março de 2017 às 18hs,
deu início no Campus Universitário do
Tocantins/Cametá a 3º (terceira) sessão
de estudo e discussão do Projeto de Pesquisa: Formação, Trabalho e
Universidade, onde esteve presente como palestrante o Prof. Dr. João Batista,
Prof. Dr. Eraldo Souza do Carmo, os bolsistas:, Alessandro de Sá Guedes, Reliane
W. de Souza , Tássio Willian Tavares e Vadivaldo Gonçalves Pereira, que fazem
parte do grupo de pesquisa contribuindo para o enriquecimento do projeto.
Texto: DEMOCRACIA E UNIVERSIDADE
Autor: José Saramago
Adiante, o coordenador do projeto Prof. Dr. João Batista
abriu o encontro saudando a todos e agradecendo pela presença dos demais que
ali se encontravam, em sequência apresentou o livro “Democracia e Universidade” de José Saramago no qual todos já tinham
conhecimento de uma leitura prévia do mesmo.
De forma contínua e participativa
dos ouvintes presentes foi-se apresentado os seguintes tópicos:
EDUCAÇÃO SUPERIOR COMO FORMAÇÃO CIENTÍFICA, PROFISSIONAL E POLÍTICA.
•
O ingresso no curso superior implica uma mudança
substantiva na forma como professores e alunos devem conduzir os processos de
ensino e de aprendizagem. Mudança muito mais de grau do que natureza, pois todo
ensino e toda aprendizagem, em qualquer nível e modalidade, dependem das mesmas
condições (SEVERINO, 2007).
OBJETIVOS DO ENSINO
SUPERIOR (SEVERINO,
2007)
• Formação de PROFISSIONAIS das diferentes áreas
aplicadas, mediante o ensino/aprendizagem de habilidades e competências
técnicas;
• Formação do CIENTISTA mediante a
disponibilização dos métodos e conteúdos de conhecimento das diversas
especialidades do conhecimento;
•
Formação do CIDADÃO, pelo estímulo de uma tomada
de consciência, por parte do estudante, do sentido de sua existência histórica,
pessoal e social.
• A universidade, em seu sentido mais profundo,
deve ser entendida como uma entidade que, funcionária do conhecimento,
destina-se a prestar serviço à sociedade no contexto da qual ela se encontra
situada (SEVERINO, 2007).
• Para dar conta desse compromisso, a universidade
desenvolve atividades específicas, quais sejam, o ENSINO, a PESQUISA, e a
EXTENSÃO. Atividades essas que devem ser efetivamente articuladas entre si,
cada uma assumindo uma perspectiva de prioridade nas diversas circunstância
histórico-sociais em que os desafios humanos são postos.
• A distinção entre as funções de ensino, de
pesquisa e de extensão, no trabalho universitário, é apenas uma estratégia
operacional, não sendo aceitável conceber-se os processos de transmissão da
ciência e da socialização de seus produtos, desvinculados de seu processo de
geração (SEVERINO, 2007).
• Na universidade, ensino, pesquisa e extensão
efetivamente se articulam, mas a partir da PESQUISA, ou seja:
• Só se aprende, só se ensina, pesquisando;
• Só se presta serviço à comunidade, se tais
serviços nascerem e se nutrirem da pesquisa (SEVERINO, 2007).
CRISES DA UNIVERSIDADE
(SANTOS, 1995)
· A crise de hegemonia que é presenciada,
atualmente, nas universidades, se caracteriza para além da dimensão
economicista e produtivista, pois o apelo à prática teve, a partir dos anos
sessenta, outra vertente, de orientação social e política que consistiu na
inovação da “responsabilidade social da universidade”, perante os problemas do
mundo contemporâneo, uma responsabilidade raramente assumida, no passado,
apesar da urgência desses problemas e apesar da universidade ter acumulado
sobre eles conhecimentos preciosos.
• Já a crise de legitimidade se manifesta
no momento em que se torna socialmente visível que a Educação Superior e a alta
cultura são privilégios exclusivos das elites sociais. Quando a procura da
educação deixa de ser uma reivindicação utópica e passa a ser uma aspiração
socialmente legitimada, a universidade só pode legitimar-se quando atender às
demandas que lhes são socialmente apresentadas.
• De todas as crises da universidade, a crise
institucional (crise de financiamento) é, sem dúvida, a que tem assumido
maior intensidade, nos últimos anos. Fundamentalmente, porque nela se refletem
tanto a crise de hegemonia quanto a crise de legitimidade, em parte, porque os
fatores mais marcantes de sua exacerbação pertencem, efetivamente, ao momento
de crise cíclica do desenvolvimento capitalista, que Santos (1995) denomina
“período do capitalismo desorganizado”.
DEMOCRACIA E
UNIVERSIDADE (SARAMAGO,
2013)
• O significado das palavras não é
eterno; a semântica de uma palavra não é imutável, muda como nós mudamos, como
muda os usos e os costumes, como mudam as estações.
• O mal [...] é quando a palavra
permanece mesmo depois de mudar o seu conteúdo. Então sim, temos um problema, e
grave, porque pode acontecer que pensando que dizemos uma coisa estejamos a
dizer outra.
• Há no entanto uma armadilha a que
devemos escapar: quando a palavra tem um significado concreto e por razões
várias, ou sem-razões, se transforma praticamente no seu contrário.
• As palavras que quero trazer aqui ao
falar de democracia e universidade não são apenas as que mudaram com o uso, ou
as que são equívocas, mas as que equivocam com conscientemente, as que enganam,
as palavras que mentem porque quem as diz está a manipular para alcançar
objetivos que de outra forma não poderia conseguir.
• Não há solução para a universidade,
para os seus problemas, se não se encontra solução para os problemas do ensino
primário e médio; é tudo um bloco homogêneo e coerente, tanto para o bem como
para o mal.
• A universidade, por vocação própria e
para responder aos desafios do tempo em que vivemos, deveria ser o espaço por
excelência onde estes assuntos seriam debatidos. Aprendizagem da cidadania, é o que
creio sinceramente que falta. Porque, queiramos ou não, a democracia está
doente, gravemente doente, e não sou eu que o digo, basta olhar para o mundo,
ver a percentagem de pessoas que não votam que não acompanham a forma como o
seu voto é gerido, basta olhar para a rua onde vivemos e o país onde estamos e
ver como as coisas funcionam.
No final de sua exposição o Prof. Dr.
João Batista encerrou sua apresentação com um questionamento: Quais os desafios
da universidade no processo de democratização da sociedade?
Abrindo assim espaço para uma roda de
conversa sobre tudo que ali foi exposto, tendo a participação de todos nas
temáticas levantadas por cada participante.
Após isso, deu-se por encerrado mais
um encontro do projeto!
REFERÊNCIA
SARAMAGO, JOSÉ. Democracia e Universidade. Ed. UFPA, Lisboa: Fundação José Saramago, 2013.
Abraço Virtual!
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